segunda-feira, 17 de agosto de 2009

POR QUE ANARQUIA?



"Quem quer que coloque a mão em mim para governar-me é um usurpador e um tirano e eu o declaro meu inimigo!"
Pierre-Joseph Proudhon

A sua rotina de trabalhar para enriquecer outros, a falta de perspectiva de melhoras, e não apenas no sentido material, mas na sua vida em geral, te deixa contente?
O sistema, cada vez mais, aprisiona o povo. A autoridade do homem sobre o homem, a exploração do trabalho alheio e as práticas de ilusão (seja da igreja, das posses, da beleza ou do sucesso) mantêm as pessoas num círculo vicioso por "um futuro melhor". Assim, o Estado (por meio do militarismo e das leis), os patrões e a ação nefasta da classe patronal nos cercam e nos impedem de viver com autonomia.
Eis que surgem os anarquistas, indivíduos com convicções profundas, muita firmeza de caráter e capacidade de resistência às perseguições dos privilegiados que se sentem "ameaçados" de perderem suas posições de comando.
Quando o número de anarquistas tende a aumentar de forma alarmante, governantes, patrões e padres firmam acordo para exterminá-los, seja em execuções sumárias, prisões por razões convenientes ou mesmo usando a mídia para dar aos anarquistas uma imagem de "destruidores da sociedade".
A anarquia nada tem de material para oferecer ao indivíduo, que só pode esperar sacrifício e luta, ao contrário das correntes políticas de todas as cores que oferecem vantagens imediatas (cesta básica e sacos de cimentos aos eleitores; cargos de poder aos ambiciosos de destaque). Porém, a vitalidade do anarquista consiste na pureza do ideal de justiça, igualdade e liberdade, que faz do anarquismo uma coisa saudável e benéfica para todos: sem governos opressores e povos oprimidos; sem classes sociais, sem trabalhos forçados, etc.
Ninguém ama voluntariamente seus tiranos; todos aqueles que respeitam seus semelhantes não hesitariam em escolher a anarquia: uma sociedade onde ninguém terá negado seu direito de viver no gozo de todas as suas necessidades satisfeitas.
Anarquia não é caos!
JAO – Juventude Anarquista Organizada

ÉPOCA MODERNA E O HOMO ANATURAE



Na modernidade a “humanidade” se desliga ainda mais da natureza. Nas ideologias dominantes isso é claro. A concepção de homem é totalmente anatural: homem é uma coisa, natureza é outra. Pode-se observar o homo anaturae na história do pensamento ocidental (Descartes, Smith, Marx, etc) e no dia-a-dia do homem urbano. Nas cidades somos máquinas, autômatos, peças, ferramentas, braços ordenados, disciplinados, controlados. Desde o advento do capitalismo, onde é predominante relações sociais, mentais e econômicas sistematizadas pelo mesmo, os espaços são cada vez mais cinzas como o aço e o concreto - locais onde as pessoas circulam sem o contato direto com a terra, com a água límpida, com o ar puro. Esses espaços são altamente racionalizados para a produção, assim como suas instituições. Há duas instituições essenciais (para o sistema) para controlar @s desviad@s (que são muitos, considerad@s e tratad@s como escória, lixo): a cadeia e o hospício. São muit@s os desviad@s pois a grande maioria da população vive em condição de miséria e escravidão não declarada, ou não-oficial. Mesmo a pseudo classe intermediária, ou a “classe-média”, perece de fome e exposição aos mais variados males da urbe (falta de proteção ao calor e ao frio, fome. drogas, alcoolismo, etc) se recusar a entrar na dança do capital – vender-se, alugar-se – em troca de dinheiro - o papel símbolo, a marca que cada um carrega e identifica o portador como alguém subordinado à tal mundo cuja quantidade limita ou abre as barreiras sociais. É claro que nenhum (a) desviad@ procura por sua própria vontade essas instituições. Eles são capturados e forçados a permanecerem nessas lixeiras de homens e mulheres viv@s. E para tanto a população é vigiada intensivamente, controlada e humilhada por meio da força. A polícia e as forças armadas são os detentores do monopólio da violência legalizada. Toda essa força é voltada para proteger esse mundo e às pessoas que se beneficiam dele, o que para facilitar posso chamar de “classe dominante”. O lema do Estado totalitário é “Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força” (Orwell - 1984). A grande sacada de George foi arrancar essa obra das entranhas do mundo moderno e jogar num tempo futuro – um tapa na cara de todos para pensar o presente e o passado, ou fugir dessa concepção etapista da vida e da história. A natureza está aparte, ela existe para ser explorada. Floresta para se transformar em madeiras e pastos. Minas para serem esgotadas. Rios para serem poluídos. Animais para serem aprisionados e consumidos. É assim o Homo Anaturae. É o homem que nega fazer parte da natureza, que se fecha em um regime exclusivo de existência, em um individualismo barato onde se torna o centro do universo. O Homo Anaturae NEGA ser um ANIMAL (Nietzsche), sobretudo. Ou melhor, considera-se um animal racional cientificamente, mas mesmo assim se desliga de todos os outros animais e ainda mais dos “reinos” vegetal e mineral. Ele nega seus instintos, seus desejos, suas vontades. É proibido ficar nu no calor, é uma tremenda falta de educação peidar e arrotar (mesmo podendo levar ao rompimento dos divertículos intestinais, causando uma peritonite onde há chance de morte), sexo e sexualidade são tabus (E aí já dava outro texto, como já existem vários, enorme por sinal). Esse homem é higienizado porque a superfície não absorve suas “impurezas” e provoca doenças, atrai monstrengos urbanos (ratos, baratas, etc) que pode ser prejudicial a sua saúde e a produção capitalista. Por isso ele caga sentadinho em um privada, toma banho de chuveiro elétrico, despeja sua libido em prostíbulos ou em masturbação excessiva sobre material pornográfico (que muitas vezes controla e uniformiza a sexualidade, ao invés de libertá-la das algemas morais). Esse homem é infeliz, iludido. Ele é assim por negar tudo o que ele é pois fora educado a ter uma concepção sobre si mesmo de ser - autômato.
James N.