“Uma arena como esta poderia apresentar atrações esportivas de verdade, vários grandes atletas do Brasil estão sem patrocínio ou incentivo algum. A festa não perderia seu brilho, não deixaria de gerar empregos e as crianças presentes aprenderiam algo mais dignificante. No entanto este espaço é preenchido por uma corja de sanguinários cujo “esporte” (!?!) é laçar bezerrinhos indefesos, instalar sedém nos machos, enfiar cacos de vidro e cigarros acesos nas fêmeas, e outras práticas nazistas...para que ao abrirem os portões da liberdade esses animais escravos ainda se submetam a mais humilhações diante de um Coliseu ignorante. Abaixo a ditadura do sofrimento animal! Abaixo a tortura! Eu odeio rodeio!” Rita Lee
Imagine que o mundo voltou ao período da escravidão e você é levado a um lugar desconhecido sem imaginar a razão. Além do medo e de toda confusão pela qual sua mente passa, você é transportad@ a seu novo trabalho com várias outras pessoas, em um veículo pequeno. Quase sem ar e sem respirar, você chega. Correntes são amarradas em seus pés e mãos, como se você fosse um criminos@ que não pudesse andar livremente e, então, começa o trabalho e só há uma explicação de como ele será feito: as chicotadas. Elas te guiam até onde você será escrevizad@ e te avisam se o trabalho está sendo mal feito.
Essa realidade parece absurda e impossível de acontecer novamente. Talvez, a primeira coisa que você diria é “os Direitos Humanos me protegem” ou “há leis que me asseguram esses direitos”, como não havia no passado. Pois existem direitos e existe a lei, mesmo assim, a escravidão ainda ocorre. Mas não tema, se você nasceu dentro da espécie humana, pois toda a tortura é destinada aos que não podem dizer que sentem dor: os animais não-humanos.
O rODEIO é uma das formas de exploração animal, talvez a maior delas. A prática, importada dos U$A como “cultural” e que movimenta muito dinheiro para as prefeituras, acontece todos os anos de maneira estrondosa. Em Barretos, por exemplo, a arena construída para o rODEIO tem capacidade para 35 mil pessoas sentadas, sendo a maior da América Latina. Essa lotação, no entanto, encaminha-se apenas para ver as apresentações musicais. Então, para que os animais?
Realmente, a presença dos animais é desnecessária, já que o público só quer saber de música e pegação. Mesmo assim, a vontade de se copiar a pseudo-festa estadunidense mantém a exploração animal (peça a um peão para escrever cowboy ou country, ele pode até acertar. Agora, se pedir CertaneIjo, aí fica difícil). É contra isso que a Juventude Anarquista de Osasco (assim como muitas ONGs e pessoas) se posiciona.
O RODEIO DE OSASCO
O ano de 2009 marca o 14º rODEIO em Osasco. Embora haja quem se sinta “orgulhoso”, todos sabem que o evento vem crescendo – assim como seu público – por causa das apresentações musicais. Não é contra isso que somos : queremos o fim do uso de animais em rODEIOS, não o fim dos shows.
Como moradores do município, conhecemos a falta de atividades de cultura e lazer oferecidas. Não acreditamos na mudança da sociedade por força de leis e sim pela liberdade e o Anarquismo, pois sabemos bem que as leis são elaboradas apenas para proteger o Estado e a elite que está no poder, só se aplicando aos mais fracos. Um bom exemplo é o que acontece em Osasco que a própria gestão do Município atropela estas leis por interesses politiqueiros e econômicos. A Lei Municipal 3999/2006 que rege:
Art. 36 É proibida a criação e a manutenção de animais:
I - suídeos;
II - leporídeos;
III - caprídeos;
IV - ovídeos;
V - bovídeos;
Art. 41
§ 2º É proibida qualquer utilização, em atividades de competição ou exibição de montaria ou rodeios, de qualquer prática que implique dor ou desconforto aos animais, com o objetivo de os fazer correr ou pular.
Analise: o Art. 36 diz que é proibida a manutenção de caprídeos e bovídeos no município. Logo, o uso desses animais no rODEIO é impossível, pois eles precisariam ficar na cidade por duas semanas (o tempo do evento). A parte mais chocante, no entanto, é o parágrafo segundo do Art. 41 em que o termo rODEIO é usado. Ou seja, essa atividade pouco cultural é um CRIME financiado pela população. Confirme você mesm@: http://www.osasco.sp.gov.br/legislacao/index.htm
Se a lei municipal não os convence, segue o Decreto Estadual:
O Decreto Estadual nº 40.400/95, que em seu artigo 23 assevera:
Art. 23. Os haras, os rodeios, os carrosséis-vivos, os hotéis-fazenda, as granjas de criação, as pocilgas, e congêneres não poderão localizar-se no perímetro urbano.
Bom, se não pode haver rODEIO em perímetro urbano, Osasco comete outro crime, pois não há área rural no município.
Lembra-se do exemplo da escravidão no início do texto? Assim como a lei não protege os animais não-humanos, mesmo existindo, nós também corremos um grande risco, ainda mais sendo coniventes com isso.
A DOR
Os defensores da tortura animal dizem que não há maus-tratos no rODEIO. Mas como dizem, “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Apresentamos, então, os bastidores do rODEIO, baseados nas modalidades da tortura do esporte:
Cutiano: É um estilo brasileiro de montar, onde o peão não tem o apoio no arreio e se segura apenas em duas cordas amarradas no peito do animal.
Saddle Bronc: Nesta o peão usa uma sela normal colocada sobre o cavalo sem o baixeiro ou pelego. O peão segura-se a uma rédea de sisal presa a um cabresto.
Bull Riding: O cowboy monta sobre o pelo do animal e segura-se apenas por uma corda amarrada na parte frontal da barriga. (Será mesmo na parte frontal???)
Para essas modalidades é usado o sedém, uma tira de couro ou crina que é amarrada em torno do animal passando pelo pênis ou saco escrotal. Ao sair para a arena essa corda é puxada com força pelo peão comprimindo os canais que ligam os rins à bexiga o que faz o animal saltar desesperado procurando libertar-se da dor terrível, que a platéia entende como animal bravio. Além da dor, pode também provocar ruptura viscerais e internas. Dependendo do caso pode provocar a morte. Assim que o animal é liberto do sedém volta a ficar calmo e dócil, mas isto não é mostrado ao público.
Laço em Dupla: É uma prova onde uma dupla de peões laçam um bezerro (um a cabeça e outro, os pés). Cada um vai para um lado esticando o animal o que lhe provoca distensões de ligamentos e tendões e músculos machucados.
Laço de Bezerro: Animais novos, alguns com poucos dias de vida. É perseguido pelo peão em alta velocidade, laçado e derrubado ao chão. Quando o animal é laçado o cavalo é freado bruscamente. O laço às vezes provoca a ruptura da medula ocasionando a morte instantânea. Outros sofrem rompimento parcial ou total da traquéia. Ao ser jogado com violência ao chão, causa fratura de vários órgãos internos provocando morte lenta e dolorosa.
Bulldogging: Dois cavaleiros tentam laçar o boi ou o bezerro. Quando conseguem, devem torcer o pescoço do animal, até que ele fique completamente paralisado.